Nas imagens divulgadas, integrantes da equipe de futsal masculino da faculdade de medicina da Unisa aparecem abaixando as calças até os joelhos e simulando o ato de se masturbarem. O lamentável episódio ocorreu durante partida de vôlei feminino disputada com a equipe da Faculdade São Camilo. Enfileirados nas arquibancadas, os jogadores repetiram o gesto obsceno diante das atletas em quadra.
Indignada, uma mulher desabafou no Twitter:
“O que o time de futsal de Medicina da Unisa fez no Intermed é nojento e mostra muito bem a mentalidade da nova geração de médicos. É revoltante estudar no mesmo campus com gente tão vulgar e desrespeitosa. Não consigo imaginar como as jogadoras conseguiram prosseguir a partida diante daquela cena”. – Comenta uma aluna no Twitter/X.
Infelizmente, por enquanto, ainda está repercutindo pouco o ato extremamente nojento dos alunos do curso de medicina da Universidade Unisa, que se masturbaram assistindo ao jogo de voleibol feminino.
Um ato que é claramente um ato obsceno ou até importunação sexual, que tem pena prevista de 1 a 5 anos de reclusão. Por enquanto apenas gerou a expulsão do time do campeonato Intermed (torneio esportivo das faculdades de medicina do estado de São Paulo).
Isso mostra o quanto estamos longe de haver um ambiente seguro para as mulheres. Enquanto não houver punição exemplar e uma discussão dos limites desta nova onda “macho red pill”, pouco irá mudar.
O que seria RedPill e esta nova moda de cursos para aprender a ser um homem “redpilado”?
“Redpilado”: homem que acorda para uma suposta realidade e passa a ver o que acontece ao seu redor com sabedoria e maior visão da realidade. Para eles, uma das realidades é que as mulheres são as grandes vilãs da sociedade, atrás de direitos e privilégios, sendo que quase todas são interesseiras e aproveitadoras.
Porém há ainda algumas especificidades em cada uma das comunidades:
- Redpill: pregam que é necessário se aproveitar das mulheres e torná-las submissas para recuperar a virilidade perdida.
- Incel: autointitulados “celibatários involuntários”, culpam as mulheres por não conseguirem ter relações sexuais e endossam violência contra qualquer grupo sexualmente ativo, inclusive contra comunidades LGBTQIA+.
- MGTOW: sigla para “man going their own way” (em português, “homens seguindo o seu próprio caminho”). Acreditam que a sociedade deve romper com as mulheres porque, segundo eles, o feminismo tornou as mulheres perigosas.
Seria “apenas uma brincadeira, um trote”?
“A tradição dos bixos [sic] homens na abertura é correr pelado na quadra com as outras faculdades”, diz um dos participantes.
Há um histórico de trotes violentos. Segundo o Uol, alunos recebem um manual de regras ao entrar no curso de medicina. Mulheres não podem usar acessórios ou roupas decotadas e homens devem raspar o cabelo. A padronização serve para diferenciar calouros de veteranos. Os estudantes também são proibidos de permanecer em uma praça no campus.
Os hinos da atlética possuem versos machistas como “pegar as caipiras e comê-las no canto” e quem não sabe ou não quer cantar é punido. As agressões a calouros incluem tapas, socos, cuspe no rosto, humilhações públicas e nas redes sociais.
Como podemos ver, assuntos para discutirmos não faltam, fica a pergunta, iremos discutir, tomar decisões e punir a continuidade dos mesmos? Ou significa que vamos continuar sonhando com uma sociedade com mais justiça e igualdade de gênero:
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